quarta-feira, 30 de maio de 2007

Os Arranha-Céus de Nova Iorque

O arranha-céu é uma construção tipicamente moderna que trouxe para a cidade ao mesmo tempo uma exaltação pelo novo e a perda de uma paisagem referencial antiga. Após a revolução política burguesa do século XVIII necessitou-se de provas concretas para saber se os mitos dos direitos humanos (igualdade e felicidade) tinham de fato sido atingidos. A imagem do arranha-céu casou-se perfeitamente a isso, vendendo, através de cartões-postais, promessas de felicidade tão importantes para todo o século XIX e início do século XX, onde se procuravam evidências dos louros da revolução e também serviram de auxílio no período da Grande Depressão, de 1930. O cartão-postal tornou-se uma pequena amostra da modernidade triunfante e fez com que os novos estilos arquitetônicos se tornais mais e mais familiares, especialmente nos anos 20 e 30, quando brilhava o estilo art-decó.

Em 1890, o edifício mais comum tinha a forma de uma coluna gigante, com base, fuste e capitel, o que destacava sua altura; e, com técnicas de estruturas metálicas surgindo, as paredes externas ganharam uma certa independência em relação ao esqueleto de aço da estrutura. Mas, apesar dessas novidades, a fachada dos arranha-céus continuava galgada a uma estética neoclássica, com sinais de ecletismo – como exemplo temos o Fuller Building, de 1902, mais conhecido como “Flatiron” devido a seu formato triangular que lembra um ferro de passar rouba, seguindo o formato do terreno.
A partir de 1910 popularizou-se o arranha-céu estilo neogótico, cujo mais conhecido é a “catedral de comércio” Woolworth Building”, de 1913. Alguém que caminhasse próximo à construção (um consumidor em potencial) conseguiria ver seus ornamentos, que foram superdimensionados para esse fim – a qual é uma idéia moderna.
Eis que então surge a Lei de Zoneamento de Nova Iorque de 1916 como conseqüência à construção nada criteriosa dos arranha-céus. Ela forçava um recuo progressivo da estrutura em relação à sua altura, formando os conhecidos prédios “bolo-de-noiva” ou zigurates. Devido a essa verticalização (inicialmente imaginada para um melhor aproveitamento do terreno) a cidade já começa a sofrer com congestionamentos, problemas de saneamento e sistema precário de segurança contra incêndios.

Os anos 20 aparecem com ideais de velocidade, modernidade e novidade com seus novos elementos e materiais – é o período da Art Decó, que

vai até os anos 40 e seus filhos são o Chrysler Building, de 1930; o Empire State Building, 1931; e o Rockefeller Center, de 1940.
O arranha-céu é o espelho da sociedade americana, antes metaforicamente, e nos anos 50 também literalmente, pois acabou transformado em espelho gigante com o uso de fachadas envidraçadas, comuns no Estilo Internacional.
Os arranha-céus tornaram-se pontos não só para ser vistos, mas também pontos de vista. Devido a sua aparição um transeunte em uma rua sente-se engolido pela cidade, de modo que para se ter uma bela visão faz-se necessário subir em um desses prédios imensos – como o Empire State, que possui uma visão de 360 graus de toda Nova Iorque. Trouxe também problemas constantes de engarrafamentos e saneamento, além de elevada poluição e atualmente problemas com ratos. O arranha-céu completou, de modo lógico, a idéia de isolamento, privacidade e exercício de individualidade nascida no final do século XVIII, causado pelo cada vez maior distanciamento do espaço público em relação ao privado.

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